Feliz Amorversário.
Fizeste-me Rei de cartão
Num frágil forte de colchões.
Mostraste-me como se ama
Sob um tecto de algodão.
Pouco dele resistiria ao vento...
Mas lá dentro, contigo,
Senti paredes de betão.
Fizeste Rei um sem abrigo
E levantaste-me do chão.
Foram poucos minutos passados p'ra perceber o que não via. As linhas disformes que criaste serviam para nos guardar e afastar os meus fantasmas daquele lugar único (que só nós os dois reinámos). Fantasmas de complexos e monstros inseguros. Mas era óbvio... Criaturas dessa raça têm fobia ao confortável. E tu... tu construiste um castelo de lã.
E a coroa de cartão, que nada me parecia enquanto a fazias de repente!
A pensar só em nós é difícil ver o simples. (desculpa).
E foi aí que, em câmara lenta, abriste uns olhos molhados,
estendeste as mãos acima do visível e me coroaste de azul.
Não com o valor da coroa, porque isso ela não tem...
Mas com o valor da intenção dos teus braços.
De nos fazer reis de nós!
De nos tornarmos donos fortes do nosso poder enquanto amantes
E sermos imagem de ninguém.
Talvez eu de ti. Talvez tu de mim.
Obrigado por me teres dado um pouco de magia,
Por me teres feito esquecer o que estava fora de mim,
Mas mais que tudo por me teres feito sentir tanto por ti...
E é mesmo assim,
Amor é esquecer-me de mim quando é por mim que tu choras.
Ah!, mas houve algo de mim que recebeste em troca...
Alguma vez imaginaste que um dia irias beijar um rei?