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Monday, December 15, 2008

FALSETTO III (14.12.08)

Bem, desta vez não é a letra de uma música mas sim um texto. Mas fala em cantar tudo e não se cantar nada, sendo cantar uma espécie de metáfora para a forma de vida e de como vemos as coisas. E, tanto quanto as letras que aqui pus, me identifiquei com este texto. Aqui vai:


"o cheiro do calor, os troncos nus que, sentados, fumam intermináveis cigarros e celebram o fumo mágico. e eu canto a vida assim, com as ruas lá em baixo, sujas de gente. e eu canto assim, com a cabeça cheia, com a cabeça em chamas, eu canto a desobediência, o movimento extremo, a acção directa. eu canto o fumo e o líquido que se enobrece dentro do corpo e faz rebentar auroras dentro do pensamento. eu canto as bebedeiras e a sociedade secreta de criaturas perdidas. a comunhão entre alcoólicos e animais mitológicos, eu canto também os reis e as rainhas, as roldanas de um motor, os peões que avançam no tabuleiro e também todas as pessoas que conheci e irei conhecer. todas as que me ajudaram a perceber alguma coisa e todas as que me ajudaram a desperceber tudo. eu canto também os beijos e o tempo incomparável do enamoramento, eu canto também a violência gratuita e a pornografia, a natureza que se satisfaz apenas em estar viva, eu canto os mortos por estarem muito longe de mim e canto os vivos para os vivos, canto a degradação, e os sentimentos depressivos e também de vez em quando, e porque não?, a grande alegria, a grande alegria de não estar sozinho, de estar metido com gentes dentro da cabeça da noite, canto tudo e, talvez mesmo por isso, não canto nada. (mas isso também não faz mal)."


Rafael Dionísio in "textos mais ou menos poéticos"

Friday, November 28, 2008

NÃO QUERO

Não quero ter-te nas mãos.
Não quero ideias tuas a fluir entre os meus dedos.
Dedos que levo à cabeça, com os quais tapo a cara
E com os quais me toco em segredo.

Não quero ter-te nos olhos.
Imagens tuas a inundarem um mundo contente
Que espera ansioso que eu o conheça.
E vai morrendo assim a minha gente.

Não quero mais ter-te na voz.
Não quero cantar-te num tom deprimente,
Ler-me nos teus olhos, ausente.
Jaz o tempo, morto, à minha frente.

Não quero noites surreais.
E não as quero reais, sequer.
Não quero noites sem dormir,
E não quero rimar mais.

Não foi aquela a última coisa que te escrevi.
Como deves já ter percebido.
A máscara que naqueles dias coloquei,
Deixou-me confiante. Depois perdido.
Sim, aquele "Ar" era mentido.

E eu, sou assim.
Não queria mais rimar.
Trocar ordem de palavras para deixar de te gostar.
Mas estás e existes como tudo o que eu vejo.
Tudo o que não querendo, eu trocava por um beijo.

Desculpa... mas não te quero conhecer.
Deixas-me perdido.
E eu não consigo viver sem que me faças sentido.

Monday, November 24, 2008

MENINA DA ILHA

Menina da ilha
Que sabes tão bem,
De quando da pedra se faz coração.

Menina da ilha
Que quando o mar de longe bate na pedra,
Sabes que são águas que te deitam ao chão.

Menina da ilha
Que sabes tão bem,
De quando do vento se faz perdição...
Como quando o vento de longe bate na pedra,
Te faz querer não ter coração.

Menina da ilha
Que sabes tão bem,
Quando tudo isso te faz chorar a noção
De que, menina da ilha, nos vamos embora...

Com a pedra, o mar e o vento, então,
Que de lá só nos tira quem nos ama,
Quem nos quer, quem nos leva à razão!

Se tu voltares um dia eu sei
Que hoje, não sabendo nada,
Ainda sei que já te amei.

Se for amanhã eu vou tocar-te
Como sempre te toquei.
Se for mais tarde apenas saberei,
Que de todos os que tive nos braços,
Por muito que acreditasse,
Foste tu que eu agarrei.

Se soubesses o que vejo em ti,
Fugias. Berravas. Tinhas medo de mim.
Tudo consequências do teu medo de ti.

Amizades, cigarros, vinhos e sorrisos,
Tive deles sempre mais do que os precisos.
Mas de ti, meu amor,
De pensamentos indecisos,
Não me basta a amizade,
Ou os cigarros que partilhas.
Não me bastam os sorrisos,
Ou os vinhos que desabafas,
Em mim.

Se tu voltares um dia eu sei,
Que hoje não sabendo nada,
Eu só sei que já te amei.

Saturday, November 08, 2008

Estou perdido.
No que escrevo.
No que digo.
No que canto.
Estou perdido.
Nas linhas anteriores.
No coração.
No ar.
Nos momentos meus.
Nos momentos vossos.
Estou perdido.
Mas ao menos não por ti.
Digo tanto e percebo-me tão pouco.

Estou perdido.
Mas encontrar-me-ei amanhã.
Ou depois.
Ou depois.
...
Ou depois.


Não encontro título para dar ao que escrevi.
Não tem. Não interessa ter. Faz parte.

Wednesday, October 29, 2008

Extraordinário. Antony and The Johnsons. Música de Leonard Cohen.

"The Guests"...

Monday, October 27, 2008

AR


Parece um alívio e esperemos que o seja.
Espero eu e esperas tu.
Chega em mim como uma trave,
Trave que trava a expectativa e que mata, de uma pancada só,
O resto de ti.

O que mais espero agora é poder dar-te um abraço,
Sentido e de como quem se ri com os braços, que levam o peso de tudo o que aconteceu.
Que finalmente se levantam para libertar tudo e poder receber-te outra vez,
Como alguém que conheço há tanto, mas que é novo para mim.

É boa a sensação de se poder respirar.
De saber que te poderei deixar respirar a ti também.

Inspirar

(ar novo, determinado. Essência nova de alguém. Sorrisos mais honestos e olhares de quem sabe de tudo, e de tudo o que não importa.)

Expirar

(ar limpo de dentro de nós. Partilha de coisas inúteis e de momentos que se poderão aproveitar e desta vez tão melhor.)


Parece então um alívio e esperemos que o seja.
Chegou a mim como censura.
Censura que proibiu a tentativa e que me obrigou a gostar mais de mim.
Que matou, num texto só, o resto maligno de ti.

FALSETTO II (27.10.08)

Desta vez é esta música que canta por mim.



20/20

I would never have been in such a rush
I would never have tried to control
I would never have worn such 'fear lenses'
I would never have held on so tightly
I would have kept my boundaries set
My loving no’s, my unwavering yes’s
Risked abandonment and stood by that
And thereby felt constant connect

This fountain of regret, this looking back with twenty-twenty
Torturous hindsight if i knew then what i know now
This mountain of remorse won’t repeat with my understanding
This wouldn’t have happened if i knew then what i know now

I would’ve gone slower
Pushed infrequent
Would not have rushed into such commitment
I would’ve shown restraint as my feet got wet
I would’ve baby-stepped into intimate

This fountain of regret, this looking back with twenty-twenty
This torturous hindsight if i knew then what i know now
This mountain of remorse won’t repeat with my understanding
This wouldn’t have happened if i knew then what i know now

I would’ve known much more
Known that time was all we had for future depth to unfold
I would’ve had more faith at every step
I would’ve kept intact through the whole process

Oh this fountain of regret is looking back with twenty-twenty
Torturous hindsight if i knew then what i know now
This mountain of remorse won’t repeat with my understanding
This wouldn’t have happened if i knew then what i know now...



Alanis Morissette.

Tuesday, September 23, 2008


Dói.
O quê, não sei.
Se soubesse de onde vem já me tinha curado.
Mas é algures entre a zona do peito e do estômago.
É aí que me dói.
É aí que me dóis.

Todos os dias, sais aos poucos de mim,
através de lágrimas que depois insisto em engolir.
Sais e voltas.
Sempre.

Quero tanto conseguir estar contigo sem que me doa o peito.
Sem que a beleza da imperfeição do teu discurso me atire do penhasco.

Daqui a cinquenta anos, se ainda estivermos vivos,
Sei que vou sentir o mesmo.
E vais-me fazer sentir jovem.
Vais-me fazer sentir que naquela altura,
Ainda é possível sentir o que sinto hoje.
Mesmo que já não te conheça.

É uma merda isto que sinto por ti.

És um diamante atrás de grades.
Quero a minha indiferença ao teu valor.
Quero viver com o que a tua alma me ensinou
Viver com o que a tua alma tem para me ensinar
E não necessitar da tua presença e do teu corpo.

Era feliz.

Este excesso de palavras...
Apaguem-mas por favor.

Friday, September 19, 2008


DESCOBRI EU.





Viajámos até onde conseguimos, sem rumo definido.
Acabámos numa praia. Desconfortável de tão bonita.


Como nós.


Tempestades antigas barraram-nos o caminho de volta
e agora só temos o mar como refúgio.

E agora? Nadamos.
Os nossos braços disputam velocidades distintas
E a sobrevivência só cabe na nossa diferença.
Temos que nadar, sem olhar para trás.
Temos que manter a coragem de não sabermos de nós.


Ainda em terra atirei uma pequena pedra polida


contra as ondas fortes da tua convicção.


Ela saltou três vezes.


Foram três vezes que quis voltar ao mundo.


Mas a pedra, ou eu,



desceu.





Afundou-se.









Mas, descobri eu, que no fundo também há chão.


Descobri eu, que podia também ter os pés em terra.


Descobri que há rochas e outros peixes sobre os quais posso viajar.



E assim,


Eu vou ter estórias para contar e tu terás as tuas.


Vamo-nos rir ao ouvi-las. Vamo-nos maravilhar, surpreender,

ofender, chorar e rir de novo.

Vamos dar vida a todos os verbos que aqui possam fazer sentido.

Assim será.

Um dia.

Mais tarde...


Sim, porque nos vamos abraçar outra vez.

Porque nos vamos olhar de pé.


Porque,

descobri eu,

não vamos morrer sem antes ver terra.

Monday, September 15, 2008

FALSETTO I (15.09.08)

Parece-me que vou ter que criar uma espécie de rúbrica, porque quase todos os dias me apetece por no blog a letra de uma canção qualquer que na altura sinto que fala por mim. A rúbrica pode-se chamar "Falsetto"... isto porque é como sendo a minha voz mas não sendo, se é que me entendem :) Vou começar hoje, então... e são duas de uma vez.

Bem cá vai... esta hoje desfez-me. Chama-se "Redwings" e é dos Guillemots:


"REDWINGS"

"This is where we fall from the trees
This is where the sky covers up
Daft killers of joy...
You made a man out of me

And this is where the glass leaves the lens
Splintering a chemistry of friends
I'll treasure you always
You know I love you

And this is where we wake in the ditch
This is where our bodies sing no more
Fallen apples on the floor, pecked at by redwings
So pour another whisky out for me
It'll be the last bottle we share
As I drift into nowhere
Know that I loved you

But love was not enough to hold my grip
Can't you just feel my fingers slip
Into those oceans in the sky where people swim
Oceans in the sky calling me in
Oceans in the sky I tell myself
Though I'm not kidding anybody else
They know I'm leaving
They know that I'm leaving this behind

So I'm leaving my best friend
Just for the hell of it
Just for the sake of it
But how much I loved you..."





Esta também é dos Guillemots...

"LITTLE BEAR"

"Little bear, little bear you're getting out of hand
Getting out of hand
I think I'm going to lose you now
Oh little bear, little bear you know me too well anyway
Too well every day
I'm going home
I'm going beneath the stars
I'm going under the soil again
And I won't be back in a long time so get out
Get out of this old house
Before I burn it down
I wouldn't want to cause you anything
That might break your lovely face
In a thousand shattered china pieces
In this bracken world of broken pieces..."


(de preferência tentem ouvir as músicas. São duas coisas lindas :)

Sunday, September 07, 2008

N


Pedi que fosses. Que partisses.
No momento em que o fiz, correntes de lágrimas prenderam-me a ti.
Tentam puxar-te mas elas são frágeis e tu estás cada vez mais longe.
Vejo-te no fundo, uma silhueta que caminha sobre campos de memórias,
de recordações, de amores e desencantos.
E as lágrimas que te tentam agarrar, só têm força para manchar esse chão
Que eu pedi para caminhares.

Volta. Mas não voltes.
Eu próprio não sei o que sinto.
Desculpa-me se na despedida te disse coisas que não devia.
Quero-te bem contigo. Quero-te bem comigo.
Na verdade quero-te mesmo.
Mas não dá.

Continua o teu caminho.
Ele é longo, eu adivinho.
Tão___longo_____que_______já_______quase________te___________perdi...

A d e u s



Fará algum sentido que é hoje que te amo mais que nunca?

Saturday, September 06, 2008

...
vou chamar "mãe" ao tempo e esperar que ele trate de mim
...

Tuesday, August 12, 2008

Pensamentos. (exercício)

Bem, cá vai mais um texto daqueles em que não vou pensar no que vou escrever e entrego a minha racionalidade à ponta dos meus dedos. Se eles a recebem ou se eu sequer a tenho... isso já é outra conversa. Estou a escrever sem tema, sem saber aquilo de que quero falar. Se é que quero falar de alguma coisa... mas a verdade é que tenho vontade de desabafar coisas que não sei precisar. Torna-se então complicado elaborar um texto com princípio, meio e fim, ou pelo menos algum sentido lógico. Tento não parar de escrever por mais de 5 segundos e assim sei que aquilo que escrevo é realmente o que me passa pela cabeça. Nem eu vejo interesse naquilo que digo ou penso neste momento, mas sei que é genuino. É mais uma espécie de exercício. Acho que a espontaneidade é a base do valor de uma obra, seja ela literária, musical ou de uma arte plástica qualquer, ou dança, ou teatro. As obras de arte, por muito que digam que não, são simplesmente pessoais, de extrema individualidade e aquilo que transmitem são bocados de quem as faz. Um músico que escreve uma canção, mesmo que seja sobre a guerra do iraque, estará a falar sobre ele mesmo. É isso que nos faz gostar de certos e determinados artistas. Ter aquele cantor ou pintor com quem nos identificamos mais. Seja com a melodia que nos é desenhada no interior e que nos parece especial vá-se lá perceber porquê, ou seja a harmonia de cores que nos estimula ao olhar para um quadro, ou o tipo de movimentos específicos daquela bailarina. Porquê gostar daquilo especificamente e procurar sempre algo que, de alguma forma que também não sei analisar, se encontre dentro daqueles padrões melódicos, harmónicos, físicos, visuais... somos atraídos por determinados estímulos e todos somos diferentes. Porquê daquilo? Porquê de ti? Porquê tu de mim? Já me perguntaste isso e eu nunca te soube responder. E isto que escrevo é a resposta mais próxima a essa pergunta. Também não sei porque é que as melodias dos Sigur Rós têm o efeito que têm em mim. Ou a pintura surreal do Van Gogh. Ou o corpo da Pina Bausch.

A vida é arte. É uma constante busca intelectual de nós próprios e em nós próprios. Não se sabe qual será o caminho assim como nunca sei o que vai sair quando ponho as mãos no piano para começar a escrever uma música, ou preparo os dedos para escrever. Sei que vou usar um determinado estilo de frases, um determinado tipo de intervalos musicais, porque são esses que me estimulam mais. São esses intervalos e tipo de textos que procuro na arte dos outros. Mas cada um tem um estilo próprio, conseguido através da mistura de todas as nossas influências. Numa relação entre duas pessoas, sabemos à partida o tipo de reacção que teremos em determinadas situações, por aquilo que já aprendemos com as outras que tivemos e com o que vimos e ouvimos durante a nossa vida. 

Toda a gente é arte. Toda a gente tem o poder da espontaneidade e de ter a certeza que não é igual a mais ninguém. Tu que lês isto, mesmo que pensasses o mesmo que eu, irias escrever a mesma coisa com palavras diferentes. Se calhar cativando melhor certas pessoas. E vice-versa. Os círculos de gostos, de amigos, de locais (que todos temos), entrelaçam-se e encontram-se e dão-se à escolha a uma variedade descomunal de pessoas. Essas pessoas encontram-se também umas às outras e quantos mais pontos dos respectivos círculos estiverem em contacto, melhor essas pessoas se vão dar. Será que há algum mistério nisto? 

Foi por aí que gostei de ti.

Monday, August 11, 2008

"OFFER"


"Who
Who am I to be blue
Look at my family and fortune
Look at my friends and my house

Who
Who am I to feel deadend
Who am I to feel spent
Look at my health and my money

And where
Where do I go to feel good
Why do I still look outside me
When clearly Ive seen it wont work

Is it my calling to keep on when Im unable
And is it my job to be selfless extraordinary
And my generosity has me disabled
By this my sense of duty to offer

And why
Why do I feel so ungrateful
Me who is far beyond survival
Me who see life as an oyster

Is it my calling to keep on when Im unable
And is it my job to be selfless extraodinary
And my generosity has me disabled
By this my sense of duty to offer"



Wednesday, July 16, 2008

JUST ABOUT.


I'm trying to write something good here
something big and accurate and from the heart
and i have this big white screen and nothing occurs
so i write about the nothing that's going on

I can write about how i would love to write about this or that
This white plain of invisible words should not scare me this way
I could write about you, about life, about fear, about...
but i write about the nothing in my mind right now

I'm about love, I'm about you, I'm about me
I'm about war, I'm about peace,
I am just about what you see in my face
I am just about the nothing and everything i write in these lines

So this is nothing and this is all
This is about the dead thoughts all-together
like when all colors join to turn black
This is about how happiness keeps me from thinking

(and something bless happiness for that...)

I'm about melodies, I'm about songs, I'm about death
I'm about sorrow, I'm about greatness
I am just about what you feel on my skin
I am just about the light and the darkness I can be.

Sometimes I have to censor my mind
Just because i think that sometimes i think too much
And I don't want no movies of myself

I'm about love, I'm about you, I'm about me
I'm about war, I'm about peace,
I am just about what you read on these lines
I am just about the nothing and everything I show, sometimes, to you.

Monday, July 07, 2008

O SORRISO É O MEU.


Dias bons e pela primeira vez nada do que tenho para fazer me faz sentir ansioso.
O amor e a felicidade são apáticos e dão-me paz.
Pessoas desconhecidas reflectidas numa janela do metro e eu não penso em nada.
Viro a cabeça uns noventa graus e vejo um sorriso também desconhecido, até hoje.
Noventa graus em direcção à janela que reflecte a realidade. E o sorriso é o meu.
A sensação é semelhante à de quando comemos demais. Satisfeitos e sem vontade de pensar muito ou de tomar grandes acções. Mas felizes e não arrependidos de termos comido de mais.

É tarde e ainda não cheguei a casa. Por mim tínhamos ido para a praia à noite.
Tínhamos ido saltar do ar mais alto para cair no chão mais macio onde te podia abraçar. Quietos. 
Como hoje quando não vimos as horas, de certo já avançadas, só para não quebrar a magia dessa manhã que durou até meio da tarde. A tarde durou até há bocado mas estranhamente está tão escuro. A noite vai começar e vai estar o sol a sorrir. Assim o tempo que espero de novo para te ver vai durar menos. E mesmo que dure um pouco mais... não me importa. Sei-te bem e com a sensação de quem comeu de mais. Também.

Hoje gosto-te mais que nunca e não foi preciso dizeres que me amas.
Hoje até a mim me gosto mais que o normal. Olho-me ao espelho e acho-me bonito.
Bocejo como reflexo dos dias cheios que tenho tido e agradeço-me por ser capaz de amar alguém.

Vou abraçar o meu sorriso e deixar-me dormir.
Amanhã abraço o teu.

Amo-te.

Saturday, June 14, 2008

"NÃO VÊS"


"Caminhas distante do fosso
A terra poderia abrir-se como um sorriso
maléfico
de mim contra mim

E abraçar os teus pés
de asa plana
Arrancá-los das nuvens de números
do tempo
que corre
sereno

Não vês o espinho que enterra
a alegria em mim
Não sentes a pele (de dentro)
doer em ti."






escrito por uma amiga minha.
partilho por me ter identificado.

*beijo para ti e obrigado por escreveres tão bem.

Tuesday, June 03, 2008

VAMOS?


Vamos fugir daqui.
Vamos por o pé direito à frente do esquerdo mais vezes que ultimamente.
Vamos olhar para olhos de desconhecidos.
Ouvir as vozes de quem nos intriga, 
Pedir abraços a quem apenas tem ar de quem os merece
E perceber que talvez sejamos nós que os merecemos.

Vamos sorrir e olhar para cima.
Seja céu ou uma torre, vamos ficar apaixonados.
Vamos pegar em mochilas e cortar frames do nosso caminho.
Vamos-lhe dar ritmo.
Vamo-nos deitar no chão de um sítio que não conhecemos.
Vamos adormecer.

Vamos deixar pegadas em areia molhada.
Ou mesmo em cimento e betão.
Vamos passar horas a tentar.

Vamos imaginar olhares alternativos sobre coisas.
Sobre mundos, sobre tudo.
Vamos morar numa cabana sobre água.
Vamos deitar a baixo a Muralha da China.
Vamos passar meses a tentar.

Vamos enviar cartas cheias dos nossos textos em conjunto.
Cheias das imagens que vamos criando.
Vamos enviá-las a quem mais amamos.
Vamos enviá-las um ao outro.

Vamos fazer mergulho e ver cores desconhecidas.
Vamos beijar gente bonita, homens e mulheres.
E vamos olhar-lhes nos olhos como sendo a última vez que os vamos ver.
Mesmo que saibamos que será mesmo a última vez.

Vamos respeitar quem não tenta viver,
Mas vamos proibir essas pessoas de sonhar.
Juro-te que assim os vamos ajudar.

Vamos criar a arte que é nossa e vamos fechá-la numa sala.
Vamos ser nós os únicos a vê-la e tudo parecerá perfeito.
Vamos viver com toda a gente, vivendo-nos a nós...
Vamos não nos cansar de sermos nós!

Vamos ver, vamos viver, vamos correr, cheirar, sentir e saber.
Sim, vamos saber o que foi de nós sem saber o que será.
Vamos ser os melhores no que para nós temos que ser.
Naquilo que nós queremos ser, sem ter-mos que ser ninguém.
Vamos passar anos a tentar!

Vamo-nos aperceber que estas linhas que escrevo são amor
E vamos fugir... comigo e contigo.
Vamos deixar o nosso cheiro em todos os mares,
Vamos juntar a nossa respiração a todos os ventos!

Mas vamos.
Vamos hoje ou um dia próximo que se chame amanhã...
Vamos realizar a maior parte desta utopia,
Vamo-nos aperceber de que o sonho é combustível
Para a vontade de viver... e vamos.

Nem que seja ao fechar os olhos,

Mas vamos...
E apetece-me viver... 


Saturday, May 24, 2008

LITTLE HORNS AND BIRTHDAY CAKES

Little horns and birthday cakes
A big garden and a little dog
Wide smiles, one call and your voice
Waking now or later, one simple choice

These little things are the things
That make me feel that
My walking ground is getting softer
That I have more things I want to offer
That I'm learning in every time of laughter

A little shadow that covers my face
A dragon-shaped cloud and grass on me feet
This precious time with everyone I meet
Twenty beers and nothing to eat

These little things are the things
That make me feel that
My walking ground is getting softer
That I have more things I want to offer
That I'm learning in every time of laughter

I do not need you to recognize my face
I do not need your opened arms and fall in grace
I do not need your bliss, your limousines
I need your skin, your smile, your regrets
Your lies, your pardons, your caresses
I need my life, my love, my family
I need all that is within me.

Monday, April 21, 2008

CARTA

Convenceste-me sendo o que não tens sido.
Convenceste-me mostrando o que não tens mostrado.

Convenceu-me não me conseguires olhar bem nos olhos.
Convenceu-me teres dito que pensavas em mim.

Convenceram-me as promessas.
Convenceram-me as lágrimas que mostraste por dentro.

Vão-me convencer mais os beijos que me vais dar
Como os que me deste depois de ficar convencido.

Um beijo. Daqueles.

*G.
QUASE


Quase tenho vontade de rasgar tudo o que te escrevi.
Quase estou arrependido de todos os beijos que te dei.
Quase me mata, este nó que sinto no estômago.
Quase gostava de ter sido só eu a comer aqueles morangos.
Quase queria não ter saído aquela noite.

Não quero parecer convencido,
Mas nunca trocaria a boca de alguém que me desse o que eu te dou.
Que me escrevesse o que te escrevo.
Que me beijasse como te beijo.

Quase não queria sentir o que sinto.
Quase...

Mas vamos ver como te vejo dentro de algumas horas.
Vamos ver como me olhas dentro de algumas horas.
Vamos ver o que me dizes e como te respondo.
Vamos ver se me convences.

Quase digo que te amo neste momento.
Quase...

Tuesday, April 15, 2008

PASSANDO POR AQUI.

Passava-se que não se passava nada em mim
Agora passa-se que quando passas
Não sou capaz de ver um fim.
Passa-se que desde que passaste
Eu sou capaz de ser assim.

Tenho mãos maiores
Tenho fé nos interiores
Que me dizem que gostas de mim.
Tenho olhos maiores
Tenho problemas menores
Quando me dizes que sim.

Passaram luzes coloridas e um sofá,
Passava-se das melhores noites que a memória me dá.
Passava-se que na noite em que passaste
Não me passava na ideia estar contigo.
Agora passo noites a pedir que as passes comigo

Tenho sede de estar bem
Tenho pés maiores
Para percorrer o caminho que aí vem.
Tenho parte do que quero
Para poder querer um dia
Dizer o quanto te gostei.

Nada do que digo é exagero
Mesmo que o penses que sim.
Há quem escreva o que sente,
Há quem o diga e não mente,
E eu escrevo assim.

Passa-se que agora se passa tudo em mim.
Que quando não se passava nada
Já se passava na minha cabeça conhecer-te a ti.
Que quando se começou a passar por esta estrada
Passou-se na minha cabeça que gostarias de mim.

Tuesday, March 18, 2008

TANTAS CORES NUMA NOITE SÓ.


Um comboio. Vinte e cinco minutos a pensar em ti. Um saco verde com três chocolates de cores diferentes e oito morangos enormes que mais tarde viemos a saber serem tão bons. Um carro e uma serra. Uma lagoa da cor do que é triste. Quatro mãos dadas e frias. Duas bocas juntas e uma respiração sensível. Corpos pensativos numa paisagem que se sabe tão bonita mas que pouco se vê por ser noite.

Uma planta estranha. Três chocolates de cores diferentes e oito morangos fora do saco. Um carro e uma praia. Alguns cigarros. Um mar da cor do que é escuro. Duas mãos dadas e mornas. Duas bocas juntas que sabem a chocolate e morango e uma respiração que deseja.

Uma casa e duas pessoas. Alcool e um quarto. Algumas peças de roupa vestidas. Depois todas desaparecidas... Postais de distribuição gratuita cobrem uma das paredes do momento em que nos amamos por quem somos e como somos. Tão gratuitos como o que damos um ao outro sem pensar. São quadrados de cores. Alguns reflectem-nos, outros olham-nos e eu pela primeira vez não me envergonho que isso aconteça.

Duas bocas juntas e uma respiração descontrolada e já não sei ao que sabes. Desces montanhas e voltas a subi-las. Correm rios nos teus olhos e neste corpo que tento de alguma forma ignorar para te viver a ti. Só a ti. Quatro mãos dadas e quentes. Traduzi o que gosto de ti com o bater de uma mão minha no teu peito, onde supostamente temos o coração. Olhei-te nos olhos e disse conhecer-te a beleza interior que tens. E não, não és mais nem menos que eu. Obsessões que possas sentir fazem-me gostar mais de ti a cada momento que passa e sim, repito, gosto de ti

(ponto)

O que me fez sentir a noite como uma noite tão diferente, foi ter conseguido sentir-te a ti de forma tão próxima. Tu, uma pessoa tão distante. Tudo o que disseste, o que partilhaste, o que me deixaste saber, o que quiseste saber, o que ambos dissemos achar ser importante no que fazemos ou tentamos fazer. E como isso deve ser bem visto, pelo menos por nós. Genes e micro-organismos. Teses e livros. Coisas que nada me dizem só por não as entender, mas que só por serem ditos por ti, sabem aos chocolates e morangos que nos ofereci pouco tempo antes.

Um animal e flores. Pincéis, sóis e luas. Lutas e uma televisão. Dois corpos que se colam e eu abraço-te. Frio e um edredão. Conversas e amigos. Confusões e sorrisos. Confissões, atracções alheias e eu acho tudo tão saudável. Sono e tu estás lá.

Feliz assim? Talvez aos 10 anos.

Como te gosto. *

Thursday, March 13, 2008

Do melhor que pode haver :)

Patrick Watson "Man Under The Sea"



e eu vou ve-lo hoje... :D

Saturday, March 08, 2008

SONO (contigo)


São mil cores
Que ganham vida com o calor da tua mão.
Dormes ao meu lado
E eu não consigo dizer-te não.
E em mil imagens neste sono te vejo
Não devíamos perder este tempo a dormir
Mas és tu este sonho.

Assim quando acordar
Eu não me vou queixar,
Porque foste tantas cores numa noite só.
Foste azul, vermelho e rosa,
Foste vida em minha casa,
O tempo que parou na minha cama,
O tempo que falta a quem se ama.

A luz levanta-se sobre esta cidade
Agora sã.
Um dia novo começa
E eu vejo-te amanhã.

Monday, February 25, 2008

THE DEATH OF MR. LOVABLE


There was this man 
Who had love glued to his eyes
It may seem beautiful, I know
But he was quickly going blind

Yes, we all know that love is blind
So this man thought he was love itself
And everything should blow his mind

People would love him for all he was
But his eyes didn't seem to be enough
So they really loved him... for a while
But Mr. Lovable wasn't that tough

Then this saviour appeared
And knowing he would get all the love at once,
He offered him just a little bit
And took it back
And gave it again
And ran with it
And came back again

So Mr. Lovable learned
That he could love in many ways
To be discreet, free to himself
To not carry the blame

There was this man
Who had love glued to his eyes
Now he's eyed-open and sane
Even if the saviour runs away.

Tuesday, January 29, 2008

ERVA DANINHA

Em vez de tentar esquecer o mundo,
Imagino que o mundo se esquece de mim.
Vivo livre, conceitos de nada.
Não me julgues, não me olhes assim,
Faço o que quero, se me faço feliz
Apenas imagino, corto o mal pela raiz.

Enfiei umas palas no que tinha p'ra fazer
Não vejo nada inacabado, só por acontecer.
Ando nu na rua antes da chuva parar,
Porque foi o teu céu cinzento que me fez pensar
Em fazer o que quero, se me faço feliz,
Apenas imaginar, cortar o mal pela raiz.

Disseram-me que ninguém gosta do que tem.
P'ra quê preocupações quando tudo acaba bem?

Friday, January 18, 2008

!

Vamos ser grandes, gigantes!
Ver o mundo, lugares distantes!
Vamos ser pais presentes, lutar, ser contentes!
Vamos contar estórias e ser ao passado indiferentes!
Vamos não ter medo de não ser!
Acreditar, querer, poder!
Vamos rasgar corações, cantar, ser-mos voz!
Vamos sentir as marés do que é não estarmos sós!
Vamos levar a vida assim, nem que seja só p'ra nós!


Edifiquemos os nossos sonhos assim,
E amanhã não terei saudades de mim.

Sunday, January 13, 2008

Como frequentador assíduo de uma casa de fados ultimamente e também tendo assim descoberto esta minha nova paixão que é o fado, ontem senti uma certa vontade de escrever uma letra para um fado, talvez musicado por mim um dia, quem sabe... Não só porque gosto do género, mas também porque ao ouvir fado, me apercebi que todas as letras são muito nostálgicas e "velhas", no sentido de experiencia de vida de quem as escreve. Então decidi escrever um fado com perspectivas de futuro, com uma ideia mais jovem das coisas. Um fado para alguém que ainda espera por quem o fará feliz. Ora aqui vai:


Fado P'ra Quem Há-de Vir


Sei que eu não te conheço
Que nunca, em anos, te escrevi
Mas eu sei que te mereço,
Pois nunca senti apreço
Por alguém que nunca vi.

Sei de cor o teu corpo
Que nunca na vida toquei
Sei que andas com medo
P'la rua mantendo segredo,
Do que ainda não te dei.

Mas aqui vai
E já dito com saudade,
Ah, eu sei que hás-de vir,
Que seja antes de eu partir,
Não me importa a minha idade.
Podem ser segundos antes
E nós seremos mais amantes
Que o Tejo e esta cidade.

Sei que eu não te conheço
Mas que aqui te vou esperar.
P'ra quando morrer no meu leito,
Morrer com os braços a jeito
De p'ra sempre te abraçar...
P'ra quando morrer no meu leito,
Morrer com as mãos no teu peito
E partir sem me queixar!