Search This Blog

Monday, October 16, 2006

CARNE

Quão capazes de abalar
São esses pensamentos teus?
Que promessas de melhor
Darão teus olhos aos meus?
Crueis, insanes de tão belos,
Aos meus olhos não dão nada!
Mas o teu peito e os teus braços,
Logo assumirão os traços
De uma leve e fria espada.

E assim trais qualquer um
Que primeiro olhe teu corpo:
Gentil, frágil, com desdém...
Mas o que mais me enraivece
É que a culpa é de ninguém!

Mas,
Se desse corpo, perfeição,
Fosse feita a tua alma,
Se à carne perdoasse
As “virtudes” de outrora,
Imaginar não conseguia...
O que seria, se um dia,
Tu soubesses de poesia!

2 comments:

Maria Manias said...

bonito...

Anonymous said...

Gosto mas... o Bocage é ligeiramente melhor:

Lá quando em mim perder a humanidade

Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Não quero funeral comunidade,
que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro