Pensamentos. (exercício)
Bem, cá vai mais um texto daqueles em que não vou pensar no que vou escrever e entrego a minha racionalidade à ponta dos meus dedos. Se eles a recebem ou se eu sequer a tenho... isso já é outra conversa. Estou a escrever sem tema, sem saber aquilo de que quero falar. Se é que quero falar de alguma coisa... mas a verdade é que tenho vontade de desabafar coisas que não sei precisar. Torna-se então complicado elaborar um texto com princípio, meio e fim, ou pelo menos algum sentido lógico. Tento não parar de escrever por mais de 5 segundos e assim sei que aquilo que escrevo é realmente o que me passa pela cabeça. Nem eu vejo interesse naquilo que digo ou penso neste momento, mas sei que é genuino. É mais uma espécie de exercício. Acho que a espontaneidade é a base do valor de uma obra, seja ela literária, musical ou de uma arte plástica qualquer, ou dança, ou teatro. As obras de arte, por muito que digam que não, são simplesmente pessoais, de extrema individualidade e aquilo que transmitem são bocados de quem as faz. Um músico que escreve uma canção, mesmo que seja sobre a guerra do iraque, estará a falar sobre ele mesmo. É isso que nos faz gostar de certos e determinados artistas. Ter aquele cantor ou pintor com quem nos identificamos mais. Seja com a melodia que nos é desenhada no interior e que nos parece especial vá-se lá perceber porquê, ou seja a harmonia de cores que nos estimula ao olhar para um quadro, ou o tipo de movimentos específicos daquela bailarina. Porquê gostar daquilo especificamente e procurar sempre algo que, de alguma forma que também não sei analisar, se encontre dentro daqueles padrões melódicos, harmónicos, físicos, visuais... somos atraídos por determinados estímulos e todos somos diferentes. Porquê daquilo? Porquê de ti? Porquê tu de mim? Já me perguntaste isso e eu nunca te soube responder. E isto que escrevo é a resposta mais próxima a essa pergunta. Também não sei porque é que as melodias dos Sigur Rós têm o efeito que têm em mim. Ou a pintura surreal do Van Gogh. Ou o corpo da Pina Bausch.
A vida é arte. É uma constante busca intelectual de nós próprios e em nós próprios. Não se sabe qual será o caminho assim como nunca sei o que vai sair quando ponho as mãos no piano para começar a escrever uma música, ou preparo os dedos para escrever. Sei que vou usar um determinado estilo de frases, um determinado tipo de intervalos musicais, porque são esses que me estimulam mais. São esses intervalos e tipo de textos que procuro na arte dos outros. Mas cada um tem um estilo próprio, conseguido através da mistura de todas as nossas influências. Numa relação entre duas pessoas, sabemos à partida o tipo de reacção que teremos em determinadas situações, por aquilo que já aprendemos com as outras que tivemos e com o que vimos e ouvimos durante a nossa vida.
Toda a gente é arte. Toda a gente tem o poder da espontaneidade e de ter a certeza que não é igual a mais ninguém. Tu que lês isto, mesmo que pensasses o mesmo que eu, irias escrever a mesma coisa com palavras diferentes. Se calhar cativando melhor certas pessoas. E vice-versa. Os círculos de gostos, de amigos, de locais (que todos temos), entrelaçam-se e encontram-se e dão-se à escolha a uma variedade descomunal de pessoas. Essas pessoas encontram-se também umas às outras e quantos mais pontos dos respectivos círculos estiverem em contacto, melhor essas pessoas se vão dar. Será que há algum mistério nisto?
Foi por aí que gostei de ti.
2 comments:
"Tu que lês isto, mesmo que pensasses o mesmo que eu, irias escrever a mesma coisa com palavras diferentes."
:P
:))
B.
A minha avo diz que escreves bem. *
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