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Friday, September 19, 2008


DESCOBRI EU.





Viajámos até onde conseguimos, sem rumo definido.
Acabámos numa praia. Desconfortável de tão bonita.


Como nós.


Tempestades antigas barraram-nos o caminho de volta
e agora só temos o mar como refúgio.

E agora? Nadamos.
Os nossos braços disputam velocidades distintas
E a sobrevivência só cabe na nossa diferença.
Temos que nadar, sem olhar para trás.
Temos que manter a coragem de não sabermos de nós.


Ainda em terra atirei uma pequena pedra polida


contra as ondas fortes da tua convicção.


Ela saltou três vezes.


Foram três vezes que quis voltar ao mundo.


Mas a pedra, ou eu,



desceu.





Afundou-se.









Mas, descobri eu, que no fundo também há chão.


Descobri eu, que podia também ter os pés em terra.


Descobri que há rochas e outros peixes sobre os quais posso viajar.



E assim,


Eu vou ter estórias para contar e tu terás as tuas.


Vamo-nos rir ao ouvi-las. Vamo-nos maravilhar, surpreender,

ofender, chorar e rir de novo.

Vamos dar vida a todos os verbos que aqui possam fazer sentido.

Assim será.

Um dia.

Mais tarde...


Sim, porque nos vamos abraçar outra vez.

Porque nos vamos olhar de pé.


Porque,

descobri eu,

não vamos morrer sem antes ver terra.

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